Independência financeira, para alguns, significa termos a capacidade de viver totalmente dos nossos rendimentos passivos, ou dos rendimentos dos nossos investimentos. No fundo, significa que tens LIBERDADE TOTAL para decidir o que fazer com o teu tempo, no sentido em que o dinheiro não é um impeditivo. Podes trabalhar, se assim o desejares, mas não precisas, porque os teus investimentos garantem que o teu nível de vida se mantém mesmo que não trabalhes.
Na realidade, a independência financeira está geralmente associada ao seguinte:
– Custos mensais médios/baixos
– Investimentos com retornos suficientes para pagar esses custos mensais
Como calcular, então, o valor que tu precisarias para atingir a independência financeira, ou seja, o valor que terás de ter como riqueza/património suficiente para poderes viver sem a necessidade de trabalhar?
1 – Calcula os teus gastos mensais
Calcular os teus gastos mensais é o primeiro passo para chegares ao teu número de independência financeira. Não estimes, convem teres um valor exato e realista. Se não sabes ainda quanto gastas por mês, recebe gratuitamente a Ferramenta grátis Mais Que Poupar para te ajudar nesta tarefa.
Pensa se o valor que gastas hoje reflete o estilo de vida que queres ter no futuro. Por exemplo, se não tens filhos mas queres ter, deves acrescentar pelo menos 10% aos teus gastos mensais estimados. Por outro lado, se hoje vives numa grande cidade e pagas bastante de renda, mas daqui a uns anos queres ir viver para um sítio mais calmo e mais barato, podes também considerar isso nas tuas contas, reduzindo assim os teus gastos mensais estimados.
O ideal é calculares os teus gastos mensais hoje e fazeres apenas ligeiros ajustes, em particular aumentos (reduções não são tão aconselhadas). Imagina que hoje gastas 800 Euros por mês mas estimas ter mais gastos no futuro. Podes considerar 1000 como um valor aceitável de gastos mensais estimados.
2 – Multiplica os teus gastos mensais por 300
Se os teus gastos mensais estimados são 1000, então o valor que deverás ter investido é 300 mil Euros (1000 x 300).
Não quero entrar em grandes detalhes técnicos relativamente a este valor, mas esta fórmula assume que receberás um retorno de 4% sobre o teu investimento, já ajustado à inflação. Neste caso, se tiveres 300 mil Euros investidos e receberes 4% ao ano, significa que recebes 12 mil Euros anualmente (4% x 300 000), ou seja, 1000 Euros ao mês, exatamente o valor de gastos que definiste. Desta forma, consegues garantir que os os retornos de um investimento de 300 mil Euros chegam para pagar os teus custos mensais.
Se queres saber mais detalhes sobre a parte técnica/matemática, podes consultar aqui.
Valor da independência financeira total = Gastos mensais x 300
E já está, aí tens o teu valor de independência financeira. Simples, não é?
Imagino que para a maioria de vocês o valor estimado pareça totalmente inalcancável! É normal e é sem dúvida um desafio que, para a maioria de nós, implicaria muito sacrifício ou seria mesmo impossível.
Primeiro, quero recordar-te que para teres 300 mil Euros não tens de poupar 300 mil Euros, mas sim muito menos! Ao investires, fazes o teu dinheiro crescer com o tempo e por isso terás de poupar um valor muito inferior. Se agora mesmo não tens nada e queres ter uma riqueza de 300 mil Euros daqui a 20 anos, se investires as tuas poupanças, na realidade terás de poupar menos de 150 mil Euros no total! Sabe mais como fazer crescer o teu dinheiro aqui.
Segundo, não precisas de ser totalmente financeiramente independente! Se conseguires criar rendimentos passivos que cubram metade dos teus gastos mensais, isso já tem um impacto enorme positivo na tua vida e na tua liberdade. Neste exemplo concreto, isso significaria ter 150 mil Euros investidos. Se assim fosse, poderias decidir trabalhar em part-time, mudar para um trabalho que seja pior pago mas que te agrade mais, começar o teu próprio negócio com muito mais segurança, etc.
Espero que tenha ficado claro qual o valor que necessitas para atingir a independência financeira e porque não é preciso que atinjas esse valor para viveres mais livremente. Boa sorte nesta viagem de crescimento financeiro e criação de rendimentos passivos!
Disclaimer: A autora do blog Mais Que Poupar não está registada como analista financeira nem como consultora autónoma, não providenciando recomendações de investimentos. Qualquer decisão de investimento seguindo os conhecimentos adquiridos através deste site são da exclusiva responsabilidade do leitor. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais e não constitui uma recomendação ou qualquer tipo de aconselhamento financeiro.
3 respostas
Olá Inês,
Parabéns pelo blog, “cruzei-me” com ele na Internet e já li alguns artigos, muito bem escritos!
Gostaria apenas de frisar neste artigo o seguinte:
– A conhecida “4% rule” já provou ser extremamente falível em alguns períodos da história e algo desatualizada. Penso que o ideal é sempre aconselhar a que os 4% não sejam fixos e possam ser adaptados à situação económica atual, estando sempre preparados para baixar para 3% ou mesmo 2%, caso contrário corre-se o risco de ficar numa situação extremamente vulnerável, numa idade mais avançada.
– Para viver com 1000€ por mês, o ideal seria aconselhar a juntar certa de 384000€. Isto porque, assumindo que a taxa de capital gain em Portugal se manterá nos 28%, todos os anos será aplicado esse valor aos ganhos com mais valias (vendas de ações/dividendos, rendas, etc), fazendo dessa forma 1000€ líquidos e não 720€ líquidos, como é dado a entender no artigo com um portfólio de 300k. Ou isso, ou acrescentar que esse valor será bruto e que se deve considerar o pagamento de impostos sobre o mesmo.
Continua com o bom trabalho! Cumprimentos 🙂
Obrigada pelo teu comentário Ricardo,
O artigo, claro, fala em números muito redondos. Há sempre formas de otimizar a questão fiscal, em particular quando começas a aumentar o património, criar uma sociedade pode permitir-te pagar bem menos que os 28%. Por isso não gosto muito de falar em impostos, aí sim, cada caso é mesmo um caso 🙂
Mas sem dúvida que temos que ter essa questão em conta, é mesmo muito importante!
Bons investimentos 🙂