As crises económicas favorecem o aparecimento de fraudes. O desespero causado por situação inesperada ou prolongada de desemprego, a ansiedade decorrente de progressivo endividamento pessoal ou empresarial, o pânico motivado por amplas quedas no mercado de ações, entre outros cenários adversos característicos de períodos de instabilidade, podem conduzir à busca por soluções rápidas para geração de rendimento, nomeadamente através de esquemas em pirâmide.
E há esquemas, hoje facilmente difundidos por via digital, que parecem realmente simples e rápidos. Envoltos em mensagens aparentemente legítimas, inofensivas, garantem avultados retornos. Mas não passam disso mesmo. Esquemas. Esquemas que se aproveitam da vulnerabilidade, incerteza e caos de situações como a que vivemos atualmente em contexto de pandemia e iminente crise económica.
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Hoje partilho sobre um dos esquemas mais comuns nestas circunstâncias, o «esquema em pirâmide», e avanço como poderão estar alerta para identificar esta fraude.
O «esquema em pirâmide»
Os esquemas em pirâmide são uma fraude ainda comum nos dias que correm e correspondem a uma iniciativa ilícita de configuração hierárquica.
Estamos perante esta fraude quando um indivíduo, o «investidor» inicial (no topo da pirâmide), procura recrutar membros («investidores») para o seu «empreendimento» de forma sucessiva — assegurando a entrada constante de fundos no esquema. A adesão de novos membros, que envolve um investimento inicial que nada mais é que um pagamento ao recrutador, promete retornos através do envolvimento contínuo de novos membros.
É um método simples: a entrada de novos participantes beneficia os recrutadores e todos os membros posicionados acima na pirâmide — sendo o retorno superior quanto mais alto um membro se encontrar. Novos elementos, em constante renovação, vão compondo a base da pirâmide — e «alimentando» os membros acima. E assim sucessivamente, num processo aparentemente interminável — até não entrarem mais membros e a pirâmide colapsar. Ou seja, a empresa só faz dinheiro se entrarem novos membros, não existe outro modelo de negócio que faça a empresa sobreviver que não a entrada de novos membros.
O esquema em pirâmide é frequentemente confundido com estratégias de marketing lícitas, como o marketing multinível. Porém, não se trata da mesma coisa. O marketing multinível, que de facto também envolve a constante adesão de novos membros, implica a comercialização de produtos e/ou serviços — com uma abordagem objetiva. A empresa recruta membrosque funcionam como vendedores do seu produto, pagando-lhes uma percentagem por essas vendas. Existe um modelo de negócio por trás que faz dinheiro.
O esquema em pirâmide, frequentemente reconhecido por uma abordagem agressiva, pode até não envolver vendas. Em alguns casos envolve vendas, mas o que realmente faz a empresa ganhar dinheiro não são essas vendas mas a entrada de novos membros.
O marketing multinível — ou a Herbalife, a Yves Rocher e a Vorwerk
O marketing multinível é uma estratégia que assenta na venda direta de produtos e/ou serviços e na criação de redes de «distribuidores» desses mesmos produtos e/ou serviços — sendo neste ponto que é frequentemente confundido com o esquema em pirâmide: os membros-distribuidores poderão ser encorajados a recrutar novos membros-distribuidores abaixo deles — o que resultará na obtenção de uma percentagem das vendas destes últimos.
E assim sucessivamente, numa estrutura «piramidal». Porém, não se trata de todo de um esquema fraudulento. O objetivo final consiste sempre na comercialização de produtos e/ou serviços.
Destacam-se, entre empresas populares, de venda direta, com atividade legal e que recorrem ao marketing multinível, a Herbalife (que produz e distribui produtos para controlo de peso e cuidados pessoais), a Yves Rocher (que cria e disponibiliza produtos de cosmética e beleza) e a Vorwerk (que fabrica e distribui produtos para a casa como o conhecido robô de cozinha Bimby). Entre tantas outras.
Como distinguir o esquema da estratégia de marketing?
A diferenciação poderá não ser imediata ou linear. Assim, aconselho que realizes SEMPRE uma pesquisa da «oportunidade» em questão antes de te comprometer tempo e dinheiro.
Os esquemas em pirâmide costumam focar-se mais no recrutamento de novos membros do que na venda de produtos e/ou serviços, exigindo um (geralmente avultado) investimento inicial e até mensal — enquanto o marketing multinível pode até nem envolver significativo investimento financeiro, exigindo, sim, disponibilidade.
Deste modo, desconfia de uma oportunidade se:
– Tiveres de «investir» uma grande quantia à partida para te tornar membro/distribuidor.
– Se verificares maior ênfase no recrutamento do que na venda de produtos e/ou serviços.
– Não constatares atenção ao mercado (procura) do produto e/ou serviço.
– Não perceberes o modelo de negócio da empresa ou como esta gera dinheiro.
Mais: se te parecer que o esquema foi montado para se ganhar mais com o recrutamento de novos membros do que com a venda de produtos e/ou serviços associados — suspeita da proposta. É também um forte indício de que se trata de um esquema em pirâmide.
Abreviando: informa-te bem e, em caso de dúvida, NÃO ARRISQUES! Se parecer bom de mais para ser verdade é porque provavelmente é.