Quanto custa trabalhares fora de casa?

Depois de vários meses de licença de maternidade voltei a trabalhar fora de casa, a tempo inteiro, e apercebi-me de uma série de despesas que dispararam: existe efetivamente um custo financeiro associado a trabalhar por conta de outrem.

Não me interpretem mal, são claros os benefícios de trabalhar por conta de outrem (dentro ou fora de casa): a segurança, paz de espírito e bem-estar que representa a remuneração estável (e, em muitos casos, regalias como seguro de saúde e/ou de vida, plano de reforma, formação, descontos em serviços), ou a chance de conquistar objetivos financeiros mais rapidamente.

No entanto, raramente se pensa no aumento dos gastos ligados ao trabalho fora de casa, muito relacionados com a falta de disponibilidade que a rigidez de horários e de local de trabalho implica. Partilho a minha experiência.

Quanto custa trabalhares fora de casa?

Transporte

Se não vivermos perto do trabalho temos de investir em carro, estacionamento e combustível (e manutenção periódica) ou em transportes públicos. No meu caso a melhor solução são os transportes públicos. Fica mais em conta, se não me deixar levar pela ansiedade (principalmente com possíveis atrasos, que não controlo) — que me pode levar a recorrer a serviços de transporte privado (Uber e semelhantes) e a incrementar as minhas despesas. Faz um favor à tua carteira e usa a calculadora deste post. Vai abrir-te os olhos e motivar-te a tentar encontrar alternativas ao uso do carro!

Alimentação

Com uma grande dose de organização a alimentação poderá não ser sinónimo de aumento de custos por se trabalhar fora de casa, mas a realidade é que há menos tempo para planear, comprar e cozinhar todos os dias — tanto para as refeições em casa como para as que levo para o trabalho. Há alguma tendência para mais almoços fora (com colegas), para encomendar refeições ou para comprar pratos preparados e/ou congelados.

Para mais dicas práticas de como poupar em alimentação, clica aqui.

Vestuário, maquilhagem e estética

O trabalho fora de casa implica frequentemente vestuário profissional e por vezes recurso a serviços de lavandaria e limpeza a seco. Para mim trata-se de um investimento inicial que já fiz há muito tempo, a criação de um «armário profissional», que exige reforço pontual em novas estações do ano ou de artigos de desgaste mais rápido, como o calçado. Há também aumento de gastos com acessórios, maquilhagem de qualidade e serviços de estética. Mais uma vez não tem necessariamente de ser assim, mas falo da minha experiência e como gasto mais neste items desde que comecei a trabalhar.

Supermercado e outras compras

Existe menos tempo para comparação de preços, aproveitamento de dias de descontos ou uso atempado de cupões — nomeadamente para aqueles produtos de que precisamos em quantidade, como papel higiénico ou fraldas para bebés. Acabamos por recorrer às lojas mais convenientes, não necessariamente as mais acessíveis. E passa-se o mesmo com outro tipo de compras, como presentes de aniversário. Quando não pensamos nos presentes de aniversário com antecedência, acabamos por comprar algo mais caro e, muitas vezes, menos original e útil para a pessoa.

Estilo de vida e saúde

A prática de exercício físico, que para mim é essencial, tem um grande peso quando trabalhamos a full-time fora de casa. Não tenho a possibilidade de treinar de manhã e quero aproveitar o final do dia e os fins de semana com os meus filhos, logo resta-me apenas a hora de almoço. Funciona, mas é uma correria e estou limitada na escolha do ginásio: tem de ser perto do trabalho, o que não é a opção mais em conta, uma vez que trabalho numa zona muito cara de Lisboa.

E existem também outros custos «não-financeiros». Mais difíceis de contabilizar, mas com consequências nefastas nas nossas finanças pessoais e vida em geral: o cansaço e/ou insatisfação com o trabalho, o stress por não termos tempo para tudo podem fazer com que procuremos compensações que envolvem custos – ir às compras, uma massagem, um almoço especial -, porque «merecemos». Nada contra quem valoriza e utiliza o seu dinheiro naquilo que o faz feliz, mas muitas vezes estamos apenas a tentar compensar o stress do trabalho e não precisaríamos desses «miminhos» se tivessemos relaxados e com tempo.

Podemos cair no erro de pensar que «faz parte» ou que não são custos tão significativos — mas é o cérebro a pregar-nos partidas. Um mês a apontar as despesas com transporte, almoços fora de casa e compras «inconvenientes» e garanto: terás um choque. Se almoçares fora uma vez por semana e gastares à volta de 12 € (parece inócuo, certo?) falamos de 624 € por ano. E aquele café diário, na rua, assim que sais de casa? Faz as contas. Tudo somado, pesa.

Saber quanto gastamos ajuda-nos a fazer melhores escolhas, a reduzir despesas e a aumentar a nossa poupança e possibilidade de investimento. E alguma dedicação a organização, planeamento e antecipação pode fazer milagres — é tempo que «se perde», sim, mas compensa. Criar rotinas, prever e anotar despesas e pensar num plano realista… Em busca de equilíbrio. Já fizeste este exercício?

Uma resposta

  1. Pingback: Homepage

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *