Investir em bolsa não é, de todo, fácil. Como começares a investir em Bolsa? Existe tanta informação – online, notícias, sugestões de amigos – que acabamos por nos perder e não saber o que fazer.
Antes de mais, gostaria de referir que, apenas porque estamos em Portugal, não significa que devemos ou temos de investir em empresas portuguesas. Aliás, o PSI20, que é o índice de referência português, constituído pelas 20 maiores empresas transacionadas na bolsa de Lisboa, desde o início do ano teve um comportamento muito inferior ao Euro Stoxx 50, que é o equivalente ao PSI20 a nível europeu, ou seja, constituído pelas 50 maiores empresas europeias (23.7% vs. 8.3%).
Tendemos a achar que, por conhecermos melhor a realidade portuguesa, conseguimos analisar mais facilmente os resultados das empresas e prever o comportamento da bolsa. Não te iludas, o resultado das bolsas é muito difícil de prever. Aliás, a maior parte dos fundos de gestão ativa, ou seja, com gestores especializados a tomar as decisões de compra e venda de ações, onde são feitas analises profundas das condições económicas, políticas e específicas de cada empresa, erram de vez em quando e mesmo para estes profissionais é difícil conseguir uma performance superior à do mercado de forma consistente.
Ou seja, se esses gestores fizessem a mera réplica de um índice de ações como o Euro Stoxx ou o S&P 500 nos EUA, teriam resultados semelhantes, em alguns casos um pouco melhores, noutros piores, aos que tiveram a trabalhar 8 horas por dia. Por isso, não sintas que não podes investir na bolsa só porque não consegues prever o que irá acontecer. Poucos conseguem! O que sim, os investidores sabem, é que, no longo prazo, é um bom investimento e é possível, sim, fazer dinheiro investindo em ações.
Existe um problema que tanto os gestores especializados como os investidores quando começam a ler sobre bolsa sofrem e chama-se “overconfidence” ou excesso de confiança em português. Este problema é muito estudado em finanças comportamentais, pois geralmente leva a que os investimentos pessoais em bolsa que exigem uma escolha de empresas individuais, embora possam ter resultados positivos no curto prazo, raramente têm resultados melhores do que investindo num índice de empresas, em particular no médio e longo prazo. Ao investires num fundo índice, estás a investir num conjunto de empresas em vez de numa empresa individual.
Antes de listar as regras, gostaria de referir que investir em bolsa não significa apenas investir em ações, já que podemos também investir em obrigações e outros produtos. As obrigações tendem a ser menos voláteis, ou seja, menos arriscadas, e, portanto, geralmente tem uma rentabilidade menor, no entanto podem ser um produto muito interessante em períodos de recessão ou menor crescimento económico. Existem também outros produtos mais complexos, mas neste post vou-me focar no investimento em ações.
Se quiseres saber outras formas de investir as tuas poupanças clica aqui.
Assim, as 6 regras para investir desde Portugal com sucesso na bolsa são as seguintes:
1 – Não invistas apenas em Portugal
Familiaridade não é igual a rentabilidade, ou seja, apenas porque sentimos que conhecemos bem o nosso país, não significa que seja melhor para investirmos.
2 – Não te deixes levar pelas emoções
As emoções são o pior inimigo da investidora. Se somos uma pequena investidora e queremos uma estratégia de investimento a médio e longo prazo, ou seja, não queremos estar sempre a comprar e vender, manter-nos consistentes na nossa estratégia é fundamental, mesmo que haja perdas de capital em alguns períodos. Ou seja, vender mal sentimos que o preço está a descer é geralmente uma má opção, exceto se tiveres alguma razão muito válida para o fazer, como precisares do dinheiro ou achares que a empresa irá a falência, etc.
Evita ser influenciada pelas notícias e histórias de amigos ou conhecidos e tenta avaliar as situações racionalmente.
3 – Não invistas em empresas individuais, mas em fundos
Investir em fundos e não em empresas individuais permite-nos diversificar com pouco dinheiro. Diversificar é importante porque não estamos sujeitas ao risco de a empresa falir, ou seja, mesmo que algo corra mal com uma empresa que faça parte do índice onde investimos, a rentabilidade das outras pode compensar. Por outro lado, se investires numa empresa individual, podes perder o dinheiro todo se algo acontecer com essa empresa.
É importante investires em fundos que sejam o mais abrangente possível, ou seja, que tenham pelo menos 10 empresas e não sejam, por exemplo, focados num setor muito específico. Podes ver exemplos de fundos aqui, mas tem em conta que são apenas exemplos, já que existem muitas outras gestoras com fundos semelhantes.
4 – Define o tipo de rendimento que queres obter
Queres obter rendimentos constantes, isto é, queres X Euros a entrar na tua conta cada mês ou cada 3 meses? Então deverás investir em ações que gerem dividendos. Existem também fundos focados em ações que geram dividendos e de distribuição. Lembra-te que pagas 28% sobre o valor que receberás dos dividendos (se não optares pelo englobamento). Fundos de distribuição significa que o valor é entregue às investidoras e não reinvestido automaticamente no fundo e por isso consegues ver o dinheiro a entrar na tua conta regularmente.
Por outro lado, os fundos de acumulação não entregam o valor recebido através de dividendos às investidoras, mas este é reinvestido automaticamente no fundo. Desta forma, o valor do teu investimento aumenta e apenas pagarás impostos quando retirares o teu dinheiro do fundo.
5 – Investe através de plataformas low cost
Investir através de uma plataforma e não através do teu banco é uma vantagem enorme a nível de custos. É geralmente muito mais barato investir através de uma plataforma. Clica aqui para veres as plataformas mais baratas para investidores europeus.
6 – Fala com um contabilista para garantires o correto preenchimento do IRS
As leis em Portugal podem ser complexas e assustadoras, por isso aconselho que fales com um contabilista de forma a garantires que preenches corretamente o IRS.
Se, mesmo depois deste post, continuares a achar que o mundo dos investimentos, em particular o investimento em bolsa, é chinês, mas gostarias de começar a investir, fala comigo. Tenho a certeza que conseguirei ajudar-te a ganhar conhecimento e confiança para começares a investir – clica aqui.
Disclaimer: A autora do blog Mais Que Poupar não está registada como analista financeira nem como consultora autónoma, não providenciando recomendações de investimentos. Qualquer decisão de investimento seguindo os conhecimentos adquiridos através deste site são da exclusiva responsabilidade do leitor. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais e não constitui uma recomendação ou qualquer tipo de aconselhamento financeiro.
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