As plataformas Peer to Peer (P2P) permitem que uma empresa ou indivíduo contraia um empréstimo diretamente com a investidora final, sem existir uma instituição bancária como intermediário. São plataformas web que ligam os devedores aos investidores, pelo que, como investidora, poderás investir diretamente na dívida de uma empresa ou até de um indivíduo. As principais plataformas P2P Europeias são a Raize, a Bondora e a Mintos.
Geralmente as plataformas fazem uma análise de risco para cada empresa e a taxa de juro associada está dependente do perfil de risco. Assim, empresas que têm uma maior probabilidade de não pagar a dívida terão taxas de juro mais elevadas e vice-versa, ou seja, tem exatamente a mesma lógica que um banco tradicional. A investidora tem acesso ao perfil de risco da empresa e, juntamente com outra informação disponibilizada pela plataforma, como alguns dados financeiros, descrição do negócio, etc. decidirá se investe ou não o seu dinheiro na dívida da empresa. O mesmo se aplica a particulares, já que algumas plataformas permitem investir diretamente em indivíduos.
Quando ouvi falar pela primeira vez em P2P, há cerca de 6/7 anos atrás, achei que fazia todo o sentido, desde que houvesse um modelo de análise de risco sólido por trás. Pensei no potencial que teriam estas Fintechs para substituir os bancos tradicionais, mas, entretanto, o ambiente em que vivemos alterou-se, nomeadamente as taxas de juro negativas definidas pelo Banco Central Europeu, o que me leva a não estar tão confiante do seu potencial (explico em mais detalhe no final do post).
Em baixo tens um resumo dos principais prós e contras de investir através de plataformas Peer to Peer.
PRÓS
Taxas de rentabilidade muito elevadas
A rentabilidade dependerá muito da plataforma que utilizares e do perfil de empresas que investires, mas facilmente se consegue ter uma rentabilidade de 8/9% ao ano.
Interface intuitivo
É, geralmente, simples e intuitivo investires através destas plataformas.
Investimento líquido
É cada vez mais fácil e rápido retirares o teu dinheiro da plataforma, caso necessites, porque muitas possibilitam a venda de empréstimos entre investidoras.
Possibilidade de escolheres a empresa que queres financiar
Poderás ter interesse em financiar determinado tipo de negócios ou indústrias, seja porque estão em linha com a tua visão do futuro ou mesmo por questões sociais.
CONTRAS
Capital não garantido
Se a empresa não pagar o empréstimo porque entrou em processo de falência ou outra razão, perdes o dinheiro que investis-te nessa empresa. Por isso, é importante, caso invistas nestas plataformas, diversificar e investires em várias empresas diferentes. Lembra-te que este é um investimento com risco.
Empresas que recorrem às plataformas não conseguiram um empréstimo bancário tradicional
Não sempre, mas em muitos casos as empresas que recorrem às plataformas P2P são empresas que não obtiveram um empréstimo bancário através de um banco tradicional. As taxas de juro médias dos empréstimos concedidos pela Banca a empresas em Portugal são inferiores a 2.5% (dados do Banco de Portugal, BPStat), muito inferior à taxa média das plataformas P2P.
Num ambiente de taxas de juro baixas, onde os Bancos tradicionais têm enorme incentivos a conceder crédito, nomeadamente com taxas de juro negativas no Banco Central Europeu, preocupa-me que haja empresas que não conseguem obter financiamento bancário e que sejam maioritariamente nestas que estás a investir quando investes em plataformas P2P. Contudo, em alguns casos, pode ser apenas pelo facto de serem empresas recentes, o que dificulta a obtenção de crédito pela Banca, ou o facto das plataformas P2P concederem crédito mais rapidamente que a Banca, que leve as empresas a optarem por estas plataformas como forma de financiamento.
Se deves investir em plataformas P2P? Poderás, se investires apenas uma parte das tuas poupanças (para mais informação sobre onde investires as tuas poupanças, vê aqui e aqui) e se tiveres consciente de que é um investimento com risco, ou seja, dinheiro que podes perder. Lembra-te que as plataformas P2P são empresas muito recentes e que muitas floresceram nestes últimos anos de crescimento económico. Acredito que a resiliência destas plataformas se vai realmente testar quando entrarmos em recessão. Até lá, bons investimentos!
Disclaimer: A autora do blog Mais Que Poupar não está registada como analista financeira nem como consultora autónoma, não providenciando recomendações ou aconselhamento financeiro, nomeadamente no que diz respeito à aquisição ou transação de instrumentos financeiros. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais, sendo qualquer decisão de investimento baseada nos conhecimentos educativos adquiridos no presente website da exclusiva responsabilidade da leitora. O/a leitor(a) deve recorrer a aconselhamento junto de um profissional quando o seu perfil de risco e a tipologia dos instrumentos assim o exijam.
4 respostas
É um investimento com risco mas a Mintos tem buy back guarantee que minimiza o risco (não o elimina), as taxas são interessantes (agora nos 10%) e tem muitas ofertas (bom mercado primário e secundário).
Eu tenho tido uma boa experiência no Mintos e recomendo.
Se quiserem experimentar usem o link abaixo e tem 1% adicional no montante que investirem no primeiro mês.
http://www.mintos.com/en/l/ref/7KC86Y
Partilho a minha opinião sobre a bondora, plataforma do qual estou fã http://rentabilidade.ga/bondora-o-meu-primeiro-p2p/
Excelente artigo! Obrigado! Deixo também a minha opinião, neste caso sobre a Bondora, onde já invisto há 18meses e estou muito satisfeita com os excelentes resultados. https://p2p-investimento.com/bondora-opiniao-depois-de-18-meses-de-investimento/