Devo investir em PPRs?

Os Planos de Poupança Reforma (PPR) são uma alternativa às outras formas de aplicar o teu dinheiro descritas neste post. São um investimento com pouco risco e com benefícios fiscais associados, mas com várias limitações, pelo que a escolha de investir ou não num PPR deverá passar por uma análise cuidada dos custos e benefícios, monetários e não só.

Por isso, tens aqui uma lista das questões que deves colocar antes de tomar a decisão de investir em PPRs.

1. Preciso desse dinheiro até à reforma?

Não poderás mexer no dinheiro até à reforma, salvo se quiseres pagar elevados custos de penalização por resgate antecipado do PPR ou abdicares do benefício fiscal à entrada, assim como em determinadas situações específicas, como desemprego de longa duração, incapacidade para trabalho, entre outras.

O objetivo do PPR é mesmo esse, incentivar as pessoas a pouparem para a reforma. Num contexto em que não sabemos exatamente como estarão as contas do Estado no futuro, é muito importante poupar para a reforma ou eventuais incidentes na tua vida.

No entanto, poupar para a reforma não tem necessariamente de ser através de um PPR. Poderá ser, se quiseres aproveitar os benefícios fiscais, mas existe a possibilidade de usares outro tipo de investimentos. Há quem, por exemplo, prefira pagar o empréstimo da sua casa mais rápido em vez de investir mensalmente num PPR, numa perspetiva de poupança futura, para que no futuro este gasto não exista.

Eu pessoalmente gosto de investir nos meus próprios termos e entendo os benefícios de um PPR mas prefiro outro tipo de investimentos. Prefiro focar-me em criar cash flow mensal, aumentar os meus ativos e isso terá efeitos muito benéficos na altura da reforma.

2. As entregas mensais obrigatórias motivam-te a poupar?

Esta é uma questão muito importante e pode ser, sim, uma grande mais-valia de investir num PPR. Nem sempre, mas geralmente está associado a um PPR a obrigatoriedade de colocar X dinheiro por mês e isto pode ser automatizado.

O facto de o dinheiro ser retirado da tua conta todos os meses automaticamente faz, muitas vezes, aumentar inconscientemente a tua taxa de poupança e, portanto, os ganhos deste investimento são em duas frentes: mais poupança + investimento imediato dessa poupança com retorno.

3. Estás disposta a aprender sobre investimento em bolsa?

Os PPR podem ser seguros, isto é, de capital garantido, que rendem muito pouco (às vezes até negativo!) ou fundos. Os fundos não passam de fundos de gestão ativa que investem em bolsa. Normalmente, temos de pagar à volta de 1 ou 1.5% do valor investido num PPR, enquanto se investires diretamente num fundo índice, que geralmente tem retornos semelhantes ou até superiores aos do PPR, apenas pagas uma média de 0.3%. Se quiseres investir 10.000, irás pagar até mais 120 Euros por ano pelo facto de teres um PPR e não um fundo índice.

Os fundos índice replicam os resultados de um determinado índice, ou seja, poderás replicar o PSI20, índice constituído pelas 20 maiores empresas portuguesas ou S&P500, constituído pelas 500 maiores empresas norte-americanas. Se estiveres disposta a dedicar algum do teu tempo a aprender sobre fundos índice e plataformas de investimento, é, sem dúvida, uma alternativa viável e comparável a nível de risco face a investir em PPRs. Se não estiveres, o que é totalmente compreensível, investir em PPRs pode ser uma boa opção.

E agora com certeza que ficas-te com a dúvida e gostarias de me perguntar:

4. E os benefícios fiscais? Afinal não é por isso que toda a gente investe em PPRs?

É verdade que os benefícios fiscais são um dos grandes argumentos pelos quais muita gente investe em PPRs e com razão, já que são consideráveis. Não só existe um benefício anual que é difícil de calcular com exatidão, mas que pode ir até 400 Euros, como também uma taxa de mais-valias muito inferior a outros fundos (28% vs. cerca de 8%).

A maioria das pessoas investe por causa deste benefício inicial, que é sentido todos os anos na altura de entrega do IRS. É de facto benéfico saber que estamos a poupar e a receber 20% dessa poupança todos os anos (até um teto máximo, em função da idade).

Há uma máxima na área das finanças pessoais que diz que não devemos investir apenas pelos benefícios fiscais, mas sim de acordo com a estratégia, o perfil da investidora e o horizonte temporal. Se houver benefícios fiscais que se possam explorar, devemos fazê-lo, mas essa não deve ser a principal razão pela qual investes num determinado produto.

Em particular, nos PPRs, a única vantagem significativa face a outros tipos de investimento é mesmo os benefícios fiscais. Por outro lado, tem em conta que a taxa inferior sobre as mais-valias, que é de facto 3x inferior ao que pagarias num fundo normal, apenas irás usufruir na tua reforma, ou seja, quando retirares o teu dinheiro.

Devo investir num PPR? Depende! Pensa nestas quatro questões e analisa os prós e contras em função da tua situação individual e dos teus objetivos.

Se optares por investir num PPR, certifica-te que investes num PPR com qualidade. Vai a este site da Deco e garante que ganhas o máximo possível no teu investimento. Boas reflexões e bons investimentos!

 

 

Disclaimer: A autora do blog Mais Que Poupar não está registada como analista financeira nem como consultora autónoma, não providenciando recomendações de investimentos. Qualquer decisão de investimento seguindo os conhecimentos adquiridos através deste site são da exclusiva responsabilidade do leitor. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais e não constitui uma recomendação ou qualquer tipo de aconselhamento financeiro.

9 respostas

    1. Olá Sofia, vou fazer um post dedicado aos fundos índice mas até lá pode ver a lista da ishares referida no post “onde posso investir as minhas poupanças”. Que gostaria de saber em específico?

  1. Bom dia Inês.
    Permite-me aproveitar a tua reposta à Sofia para colocar algumas duvidas sobre fundos indices que tenho:
    O que é o que realmente são e o que diferem de ETFs.
    Podemos subscrever em qualquer banco ou ha bancos (ou corretoras) mais especializadas neste tópico;
    Neste tipo de produtos existe o pagamento de dividendos (anual, semestral …) ?
    Uso da plataformas digitais como e deGiro ou a eToro?
    Pode-se resgatar o investimento em qualquer altura, ou existe um período minimo ?

    1. Olá Pedro, obrigada pela pergunta! Irei explicar mais detalhadamente tudo num post dedicado ao tema.
      Entretanto adianto-lhe apenas que pode subscrever em qualquer banco ou corretora mas dependendo do fundo que quiser investir poderá sim haver corretoras mais adequadas, como por exemplo a DeGiro e eventualmente a eToro (não estou muito familiarizada com a eToro). Pode existir pagamento de dividendos se investir num ETF cujas empresas base distribuiam dividendos e o período mínimo em princípio não existe mas, mais uma vez, depende exatamente de onde quer investir. Aconselho a dar uma vista de olhos ao site da ishares: https://www.blackrock.com/pt/products/product-list#!type=ishares&tab=overview&view=list
      E esteja atentos ao próximos posts!

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