Muitas pessoas me perguntam quanto devem gastar em cada categoria de gastos, isto é, que percentagem do salário devem gastar em habitação, transporte, alimentação, etc. Embora não haja uma resposta igual para todos, pois depende do que efetivamente valorizamos, existem, sim, guidelines nas quais nos podemos guiar.
Antes de fazeres qualquer análise, é importante que saibas exatamente onde gastas o teu dinheiro. Recomendo dividires as tuas despesas mensais em categorias que sejam relevantes para ti e que cubram todos os gastos que realizas num determinado mês. Esta análise deverá ser feita em mais do que 1 mês, se possível. Não faças estimativas! Quando fazemos estimativas tendemos a esquecer-nos de muitos custos. Um típico erro é assumir que o custo mensal da casa é o empréstimo bancário apenas, esquecendo de considerar a água, luz, internet, eventuais arranjos/manutenções, impostos, entre outros (ver este post para mais informação sobre custos de deter uma casa). Outro erro comum é assumir-se o valor que gastamos no supermercado como o valor total de gastos em alimentação, esquecendo-se os cafezinhos e lanchinhos, a comida que encomendamos, etc. Podes utilizar esta ferramenta de gastos gratuita para começares a contabilizar de forma mais eficiente os teus gastos pessoais.
Assim, as categorias de gastos mais importantes são:
Habitação: todos os custos relacionados com a habitação deverão ser considerados, inclusive móveis que compras para a tua casa;
Transporte: tenta dividir por 12 os custos anuais que tens com o transporte, por exemplo, o seguro do carro, que pagas apenas uma vez por ano, ou o IUC;
Alimentação: esta categoria deverá ter subdivisões – gastos em supermercado, comer fora ou encomendar comida já feita para casa;
Custos com filhos, se tiveres: poderão ser divididos em custos com a creche/escola e outros;
Custos com a saúde;
Desporto, se for aplicável;
Acrescenta categorias que sejam relevantes para o teu caso em particular, como por exemplo, relacionados com a limpeza da casa, se tiveres ajuda, férias, cabeleireiros, gastos com roupa, etc. de forma a que o valor que deixes por categorizar seja o menor possível.
Segundo a minha opinião, excluindo custos com filhos, uma vez que estes custos não se aplicam a todos e tendem a ser temporários, isto é, geralmente gasta-se mais quando são pequenos pelo custo elevado das creches e tende-se a gastar menos à medida que crescem, pois temos a sorte de ter boas escolas e faculdades (quase) gratuitas, o valor máximo que deverás gastar por categoria por percentagem do salário familiar é o seguinte:
Habitação: 35%
Transporte: 10%
Alimentação: 25%
Deverás ter mais de 30% do seu salário para outras categorias de gastos, inclusivé poupança.
Depois de teres os teus gastos categorizados, é importante refletir sobre o dinheiro que gastas em cada categoria. Primeiro de tudo, tenho a certeza que ficarás espantada com a quantidade de dinheiro que gastas em cada categoria, em particular na categoria alimentação, já que a maior parte das pessoas acha que gasta menos do que a realidade.
Seguidamente, vale a pena pensar nestas 3 categorias como um conjunto e no valor emocional que atribuímos aos mesmos. Por exemplo, chegas-te à conclusão que gastas 40% do salário familiar em habitação, mas moras perto do trabalho e não compras-te um carro, gastando assim quase 0% em custos de transporte. No entanto, adoras a tua casa e consideras importante gastar uma elevada parte do salário na mesma. Neste caso, pode fazer sentido gastar 40% do teu salário na tua casa.
A escolha é tua, o importante é teres consciência dos teus gastos e entender se estes estão em linha com os teus valores. Assim, se chegas à conclusão que gastas 35% do teu salário em alimentação, mas na realidade, por vezes é apenas resultado de falta de tempo e não do facto de efetivamente valorizares essa vertente na tua vida, valerá a pena tentares ser mais organizada, planear as refeições e apostar em alimentos baratos mas nutritivos. Este foi o meu caso, quando comecei a categorizar despesas apercebi-me que gastava demasiado para o valor que atribuo à alimentação. Comecei a planear as refeições com antecedência, comprar produtos da época, preferir ovos mexidos, entre outras mudanças que fizeram toda a diferença! A mesma análise deverá ser feita para as categorias mais individualizadas, isto é, desporto, férias, etc.
É importante refletirmos sobre o dinheiro, em particular sobre onde efetivamente o estamos a gastar e se estes gastos estão de acordo com o que consideramos que contribui para uma vida mais rica/feliz/livre. Além disso, ao cortar custos, estás também a contribuir para ter uma percentagem mais significativa do teu salário dedicada à poupança. Lembra-te que ao poupar dinheiro estás a contribuir para reduzir os teus níveis de stress e a aumentar a tua liberdade financeira!